11.12.05

Words, words, words..

* Sonho erótico de um cinéfilo numa noite chuvosa de sábado: vou ao que seria um Instituto Nacional de Cinema na W3.. Eles tem um acervo com poucos filmes, fitas e DVDs empilhados, mas, entre eles, alguns do Glauber que nunca vi, como Claro e O Leão de Sete Cabeças.. Uma menina linda me leva para a sala onde estão a TV e o videocassete.. Enquanto vemos os filmes e conversamos (ela era bancária tb e reclamava do excesso de trabalho(?)), amassos mil e o temor de que a chefe entrasse no local.. Assim, até as porra-louquices do Glauber ficam interessantes..

* Anna Karina em Viver a Vida (Godard): ela pergunta ao senhor da mesa ao lado se ele lhe pagaria um drinque. Ele é um filósofo e os dois começam a divagar. A certa altura do diálogo, ela diz (na péssima tradução): "Por que alguém sempre tem que falar? Muitas vezes não deveria falar, e sim ficar em silêncio. Por mais que alguém fale, menos as palavras significam". "Descobri que não conseguimos viver sem conversar", lhe explica o homem.. Eu também e por isso falo, falo, falo sem parar.. Flashes da noite de sexta-feira (esticada até as 7:30 da manhã) me vieram à mente: a pós-modernidade, a estética da afetividade e a situação econômica da Argentina foram alguns dos assuntos que perpassaram as conversas daquela noite.. O melhor foi a cena tipicamente godardiana: no meio do Landscape lotado, imprensado na parede, travava um improvável diálogo sobre a obra de Camus.. Algo nela (a interlocutora) me lembrava a Anna Karina, talvez os olhos, o cabelo anos 60 ou a postura meio existencialista.. Só faltava tirar o livro do bolso e começar a recitar..

* Me chamou a atenção nessa noite a DJ que animava (será?) a pista.. Novinha, não deveria passar dos 22 anos.. Parece que tinha levado o set pronto, pois ficava só parada, fumando e bebendo, sem ter na cara aquela dúvida do "o que vou tocar depois disso?", numa segurança incomum para uma (provável) iniciante.. O som dela misturava rock e eletroclash, com algumas pérolas bacanas (como 24 hour party people, do Happy Mondays), mas era assexuado e tedioso, blase, enfim, bem a cara dela e de uma parte dessa juventude atual..

Um comentário:

Gustavo Weber disse...

sobre o som blase. foi isso, em uma unica palavra: blase. faltou raiva. choro. tesão. morbeza - que não precisa ser romântica.