5.12.05

Fugindo do casamento..

O convite do brother pintou na sexta: vamos para Goiânia ver o jogo no domingo? A minha contra-proposta foi irmos no sábado e pegarmos o Goiânia Noise, prontamente aceita.. Assim, matava a curiosidade em conhecer a cena rocker da "capital" vizinha e não precisaria ir ao casamento..
Odeio casamentos, assim como festas de formatura ou 15 anos.. São cerimônias antiguadas, feitas para a "sociedade", onde ninguém se diverte.. Casamentos servem para mulheres ficarem histéricas durante um mês, pensando no vestido, marcando salão, torrando uma grana para ficarem horrorosas ou engraçadas, com suas escovas, jóias, maquiagem carregada e saltos bregas.. Me lembro da filha do Pai Goriot, de Balzac, que esbanjava a fortuna paterna para aparecer com os melhores vestidos nas festas da Paris do século XIX.. Chegamos ao século XXI e as coisas deveriam mudar, não? Parece que não, concluí, depois de ouvir uma amiga comentar que teve que torrar uma grana comprando dois vestidos caréssimos pois tinha dois casamentos no mesmo mês para ir e "não poderia aparecer com a mesma roupa".. Por que não era uma pergunta masculina demais para ser feita.. Bem, para os homens, o único atrativo são as garrafas de uísque, coisa pouca comparada à apurrinhação e às músicas inevitalmente ruins que serão tocadas.. Caí fora!!
Uns oito anos e três horas de chuva intensa na estrada depois, voltei à cidade na qual passei boa parte da minha infância e começo da adolescência, a Goiânia da família do meu pai.. Coincidência: o hotel ficava ao lado do antigo prédio de um primo, lugar onde (se não me falha a memória), dei o primeiro beijo da minha vida numa armação preparada por uma vizinha numa salada de frutas.. Tati era o nome dela, uma daquelas meninas meio mulecas, descoladas e voluntariosas, mas eu gostava mesmo era de outra, a Lívia, que fazia balé, era tímida, ingênua e pudica (também beijada na mesma brincadeira).. Ali, em frente ao Edifício Dallas, lembrando dessas histórias, me dei conta de que minha vida amorosa é, em grande parte, o eterno conflito entre Tatis e Lívias, ou a busca pela síntese entre as duas, a princesinha e a descolada..
Digressões à parte, voltemos à Goiânia.. Em busca do festival e de um lugar para comer, paramos numa livraria-café-restaurante bonitinho que já estava fechando.. O dono fez questão de reabrir a cozinha e oferecer o prato que estava concorrendo a um festival gastronômico local.. Uma picanha na cerveja razoável, um arroz sem graça, batatas fritas no local da mandioca que tinha acabado, uma saladinha com abacaxi, tudo isso por R$ 9,90 até que não era mal, mas concorrer a um festival com isso é demais..
Pedimos explicações de como chegar ao festival e aí começa o drama de Goiânia.. Já é lugar-comum afirmar que não adianta pedir informações para os apreciadores da frutinha amarela, e é a pura verdade.. Um dos donos do lugar sentou na mesa, tentou fazer um mapa, se atrapalhou todo e concluiu dizendo que "tá tão perto, é tão fácil chegar lá, mas eu não consigo explicar".. Na rua, as indicações pedidas para uns três goianos eram aparentemente simples, mas terminavam no lugar errado ou numa contramão.. Mais de meia hora depois, entre ruas sem nome, vi um cara na esquina com uma camiseta do Pink Floyd e pensei: é por aqui.. Bingo! Como foi o festival eu conto em outro post, ok?

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