11.4.10

A música do dia..



É dos Modern Lovers e é uma das melhores coisas já feitas no estilo Velvet Underground fase White Light / White Heat.. Adoro a letra: "Pablo Picasso was never called an asshole", que vai se repetindo e ressaltando a sua ironia... A letra também me lembra um trecho de outra do Lou Reed e do John Cale no tributo ao Andy Warhol, que diz mais ou menos assim: "Penso que talvez é prejudicial passar tanto tempo na escola / Penso que é prejudicial ter medo de ser chamado de tolo".. Jonathan Richman é sério candidato ao posto de pior vocalista da história do rock, mas aqui seu estilo casa direitinho com a música..

4.4.10

A música do dia..



Poderia ser qualquer uma do disco Radioaxiom: A Dub Transmission, mas vai essa aqui porque foi a única que encontrei no Youtube.. Junte o super-produtor e baixista nova-iorquino Bill Laswell + o soberbo Jah Wobble, o baixista da época clássica do P.I.L, e você terá toneladas de grooves e ambiências que proporcionam ao rótulo de World Music a respeitabilidade que muitas vezes lhe falta.. Coisa tão fina que nem precisa de aditivos para te fazer viajar...

Feriado literário..




Feriado pela frente, chuva a não poder mais.. Nada melhor que cair de cama junto a um romance.. Da estante dos ainda não-lidos, retiro um do qual nada sei: chama-se O Reserva, do escritor portugês Rui Zink (muito prazer!).

O eixo narrativo do livro é o atropelamento de um menino de 4 anos (Tiago) pelo comentarista esportivo Paulo Gomes, um quarentão que se farta a trocar o nome dos jogadores, vive um casamento à beira do divórcio com Ema e tem uma amante mais nova (a foquinha Mila). Do outro lado, temos os pais do menino morto, Cristina e Hélder. A primeira não consegue superar o trauma da morte do filho, enquanto o marido, um bancário bem classe média, vive às turras com o pai (Óscar). No meio desse enredo, rola o julgamento de Paulo Gomes pelo assassinato de Tiago e pouca coisa mais do que isso.

Um bom livro, que me chamou a atenção primeiro pelas similaridade com o nosso Brasil: médicos incompetentes, hospitais lotados, justiça vagarosa, jeitinho com a polícia, violência desmedida no trânsito.. Nem parece outro país..

Em seguida, saltou aos olhos a estrutura, cheia de idas e vindas, onde o narrador onipotente assume a identidade dos personagens no decorrer da escrita, sempre levando a descrição das cenas e dos pensamentos para os lados da ironia.. Muitas vezes funciona, como nesse trecho: "Um dia, o advogado tinha comido uma jornalista. Não era má, apenas um tanto ou quanto apressada - ele quase receara que ela fosse gritar Parem as máquinas! Parem as máquinas! no momento do orgasmo." O autor não perdoa nenhum dos personagens, cheio de tiradas que mostram as suas fraquezas e mediocridades..

Ao final, me ficou um certo mal-estar de perceber que um tipo de literatura contemporânea se quer tão cínica e descrente que, no frigir dos ovos, vira refém dos prazeres imediatos de jogos narrativos e de linguagem.. Se espremer, periga ficar só a casca...