12.12.05

Pela história, pelo mundo, Nazi Punks Fuck Off!

* Assisto à primeira parte de um documentário entitulado A Batalha do Chile (são 4 DVDs, disponíveis na Loc Video (104 Sul), definitivamente a melhor da cidade), sobre o golpe contra Allende.. Realizado ainda na década de 70, é nitidamente partidário, mas traz um vasto material da época.. Me impressionam as manifestações fascitas no Chile, do grupo Pátria e Liberdade, que nem imaginava existir, o líder da greve dos mineiros que, dedura a legenda, se tornará membro da ditadura de Pinochet, um deputado do Partido Democrata Cristão que desdenha da morte de um operário, baleado em frente a sede de seu partido, a morte de um cinegrafista argentino que cai com a câmera ligada depois de ser covardemente alvejado por um militar.. O coração aperta sob o impacto das imagens de uma das mais tristes páginas da história latino-americana..

* Impossível não fazer a associação com o governo de Chavez e torcer por ele .. Assim como Allende, ele enfrentou uma desgastante greve de empresários, o desabastecimento, um frustrado golpe de estado apoiado pelos EUA, uma oposição anti-democrática (patética a tentativa de desacreditar as últimas eleições desistindo de concorrer ao pleito).. Tenho minhas restrições ao admirador de Fidel, mas é impossível negar que ele sacou e não repetiu os erros de Allende: um governo revolucionário não se sustenta sem mudanças profundas na estrutura política do país (Congresso, Judiciário, meios de comunicação).. É difícil avaliar o governo do líder bolivariano, já que a polarização e o radicalismo provocado por ele distorce e compromete as informações que nos chegam.. O tempo e a história nos dirão se ele era apenas um populista de esquerda ou um autêntico revolucionário..

* O imperialismo, essa palavrinha tão fora de moda, relembrada no documentário chileno, está comendo solto na África, como mostra a excelente repertagem da revista alemã Der Spiegel (traduzida no UOL Mídia Global).. A China, sem os seus pruridos sobre direitos humanos e terrorismo ("não importa a cor do gato, e sim que ele cace ratos", já diria Deng Xiapoing) , vem expandindo seus tentáculos sobre o continente, aliando-se aos sanguinários ditadores africanos em busca de petróleo e matérias-primas.. Enquanto isso, reportagem do Le Monde acusa o exército francês de colaboração no massacre de Ruanda (vejam Hotel Ruanda e tentem comemorar o Natal).. Atualidades leninistas no mundo globalizado.. Vem cá, o século XIX não acabou não?

* O século XX tampouco parece ter (ser) passado.. Me causou desconforto, num passeio pelas livrarias da cidade, a quantidade de obras sobre a II Guerra e o nazismo.. Num papo no Jazz Café, ouvi relatos (antigos, é verdade) sobre os carecas de Taguatinga, mas não dá para esquecer que um bando desses animais estúpidos foi preso no sul dia desses.. E as manifestações racistas na Austrália? Uma das minhas melhores fantasias agressivas é a de pegar um neonazista e espancá-lo até a morte.. A cena é mais ou menos assim: ele caído numa rua deserta e eu bicando a sua cabeça sem dó até bem depois que ele já tenha perdido os sentidos e partido diretamente para o inferno.. Mas um extintor de incêndio, como em Irreversível, não seria nada mal..

2 comentários:

Anônimo disse...

Toda vez que leio ou vejo alguma coisa sobre skins eu lembro de uma tirinha dos Skrotinhos. Eles prestes a serem enforcados por um bando de nazis. Um vira e diz: "Nunca vi tanto nordestino de uma vez só".

Só o Angeli mesmo para ter uma sacada dessas. Além da paudurecência necessária, é claro.

Henrique Fróes disse...

Eu lembro dessa tirinha.. Aliás, numa das histórias contadas no Jazz Café, um dos carecas era negro.. É um daqueles surrealismos tipicamente brasileiros, como o da Polícia federal que, quando está de greve, faz operação padrão e trabalha pra valer..