14.11.06

Uh-uh-uh-uh-uh..

Run (não, eles não tocaram nada do Technique).. Corre, Dr. Fróes, o show já começou.. Perco as duas primeiras músicas, mas nada grave... Chego a tempo de ouvir Ceremony.. Nilson Nelson cheio, a qualidade do som é aquela clássica: uma maçaroca sonora onde não se escuta, adivinha-se as músicas.. Bernard Summers reclama um monte, com razão..

Ele é o típico gordinho tímido, um cara que apresenta assim a música título do novo disco: "it's about the sea".. O único vocalista que já vi em cima de um palco cantando com a mão no bolso.. Sem a guitarra, não sabe o que fazer.. Dá para entender o som da banda pela personalidade de seus músicos.. Peter Hook é a estrela, poser pacas.. Faz cara de mau, anda pelo palco, aponta para o público.. É o baixo que define as músicas, privilegiando sempre as notas mais agudas, enquanto a guitarra de Summers preenche os espaços, discreta e delicada..

As músicas do disco novo não empolgam.. Nas do Joy Division, fica impossível não pensar na ausência de Ian Curtis.. Summers ainda grita "DANCE" em Transmission, mas não há aquela angústia e desespero em sua voz.. Paralisado ao som de Atmosphere, por alguns instantes sinto um frio percorrer a espinha, conseguindo penetrar no vazio da sonoridade da banda de Manchester que morreu com o seu vocalista..

Mas, por que diabos eles agoram tocam músicas do Joy? Quando estavam no auge, era proibido até tocar no assunto em entrevistas.. Decadência? Não sei, mas é quando eles emendam os hits
True Faith - Bizarre Love Triangle - Temptation - The Perfect Kiss - Blue Monday, que vem a certeza de que eles não precisavam disso.. Durante essas cinco músicas, eu (e milhares de pessoas) fomos felizes, fechamos os olhos, cantamos uh-uh-uh-uh-uh em Temptation, ensaiamos passinhos, gritamos ao ouvir as batidas clássicas de Blue Monday e esquecemos o quão batida é Bizarre Love Triangle.. Não gostei do biz, nem de Love Will Tear Us Apart, mas já não importava mais.. Já havia valido a pena..

Um comentário:

Anônimo disse...

Escreveu o que eu escreveria, caso tivesse algum talento. Muoto bem, dr. Fróes!