27.11.05

Um belo longa..

Devo confessar que meu conhecimento sobre a obra de Ruy Guerra limita-se aos Cafajestes. Uma falha considerável para quem já viu dezenas de filmes do cinema novo, nem Os Fuzis passaram diante dos meus olhos. Sem nada além da fama do diretor, lá fui eu para o Festival de Cinema assistir ao Veneno da Madrugada, inspirado num romance de Garcia Marques. Fui e gostei..

É um desses filmes que a gente pode abrir mão de tentar entender a trama, no caso, complicada e confusa, nos deixando à vontade para assistir ao filme como um poema, atendo-se à beleza da forma. A construção dos planos, iluminados de forma a criar espaços não-visíveis dentro da cena (cuja lógica cristaliza-se numa construção insistentemente repetida em que a câmera é colocada atrás de uma porta ou janela semi-aberta, criando um quadro estreito dentro do quadro e realçando esse espaço morto) é uma bela trancrição para a linguagem cinematográfica do universo de Garcia Marques.. Nesse universo, os personagens vivem seus dramas num espaço morto, sufocado pelos costumes e pela lógica (oculta) de uma sociedade decadente, cuja razão de ser deixou de existir com a quebra do sistema econômico dos tempos coloniais (marxista isso, hein?).. Sim, o filme é muito longo e chato, mas vale a pena nem que seja para babar na fotografia by Walter Carvalho..

Hoje é dia do filme do Belmonte.. Vamos ver que se ele confirma as qualidades do Subterrâneos.. A conferir..

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