22.11.05

De volta às pistas..

Foi a segunda vez nesse ano (que me lembre) que toquei numa festinha.. Enferrujado, lá fui eu tentar segurar uma pista de dança a noite inteira.. Quando fui montar o equipamento, saquei o drama: a pista era imensa, ou seja, invariavelmente, ia dar a impressão de estar vazia.. Inseguro, não tive pruridos em dar uma apelada: Cake, New order, The Cure, tudo no começo para chamar o povo... Na primeira parte, me dei bem, já na segunda...
Parei de tocar para que um dos aniversariantes tirasse uma chinfra de DJ... Depois do neófito ter sacado, sem piedade, um Jota Quest (o amor é o calor é o caralho!), dei uma pressionada para voltar... Segurei a pista, fiz uma sessão nacional que empolgou uma galera... Mas, não sei quando, nem onde, nem porquê, fui perdendo a pista, que esvaziou-se completamente quando mandei Even Flow, do Pearl Jam.. Tempos estranhos esses, onde os (poucos) pedidos do público se resumem a forró ou hip-hop.. E eu, um pobre DJ de rock'n'roll, fiquei lá, com cara de otário, sozinho na pista imensa..
Só desejo ao Roriz e a poucos outros seres humanos desse naipe passar por essa situação.. É como se a sua namorada, sem explicações, brigas ou motivos aparentes, te largasse assim, de uma hora para outra... Primeiro, rola a sensação de perplexidade.. Desnorteado, vc tenta entender o que aconteceu.. Depois, vem as tentativas desesperadas de reconquistá-la, atabalhoadas sempre (U2, hip-hop, nacional anos 80), deixando o orgulho de lado e fazendo as mais inverossímeis juras de amor... Nada dá certo, bate a frustração e a sensação de impotência, que desaguam na mágoa e no despeito.. "Ela não prestava mesmo, nem me merecia", o pensamento vem do fundo de mais uma latinha de cerveja (aí vc coloca no som uma música que só vc gosta e conhece, tipo Bersuit Vergarabat)... Ferido, vc nem repara no "novo amor" que surge na sua frente..
"Rola um samba", pediu a menina linda, chapada, que, por pouco, não foi mandada com um pé na bunda direto para o Calaf... Pediu uma, duas, três vezes, sempre recebendo como resposta a amargura e o ressentimento... Mas, rendido pelos atributos inquestionáveis da juventude em flor, acatei o pedido e.. não é que deu certo? O sambinha reanimou o que restava da festa, que terminou com esse DJ completamente chapado pulando ao som de Mombojó e D&B.. "Music is everything", cantava o vocal do velho e bom drum'n'bass.. A minha música, everything de bom, para dançar, é eletrônica.. Não tenho mais o menor saco para as pistinhas rock'n'nroll..

4 comentários:

Anônimo disse...

Se tivesse rolado Do the evolution, talvez pegasse a pista...=P
Vida de DJ é assim mesmo. Na sexta eu e uns amigos discutíamos isso. Uns são adeptos de tocar só novidade; outros de mesclar, enquanto alguns só tocam hits. Pra mim, mesclar é a melhor maneira, na base do um por um ou do dois por um. Caso não, a pista esvazia na hora.

Anônimo disse...

então a galera que curte jota quest curte mombojó?

Henrique Fróes disse...
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Henrique Fróes disse...

No mesmo aniversário, ano passado, tentei tocar Do the Evolution e foi um desastre, apesar de adorar essa música.. Acho que tem uma diferença básica entre uma festa normal e um aniversário: na primeira, vc faz a proposta, tipo só tocar novidade, e quem quiser vai.. A segunda é uma mistureba de pessoas e gostos, então não dá para arriscar muito..

Não, Berna Vertov, só quem dançou Mombojó fui eu e a aniversariante, que, aliás, conheceu a banda por meu intermédio e adora.. Até hoje vc não se convenceu que os caras NÃO são uma cópia chinfrim do Mundo Livre, né?