21.3.10

Uma noite argentina...




3 anos e 3 meses depois, eu e minha namorada continuamos a comemorar todo dia 20 o início do nosso namoro... Nem sempre rola uma super-produção, mas tentamos nunca deixar a data passar em branco... Esse mês, ela veio com uma idéia bem legal: "Por que não fazemos uma noite temática? Escolhemos um país, fazemos uma comida e assistimos a um filme desse lugar?" Achei a idéia perfeita e me empolguei: "Vamos fazer a primeira noite argentina e pode deixar a comida por minha conta"...

Ando numa fase bem empolgada com a cozinha (até por conta da redução de despesas!) e encontrei na internet uma receita bem legal de como temperar e fazer um molho para um bife ancho (um dos cortes do contra-filé argentino)... "Carne + batatas = um super jantar argentino", pensei, fácil de fazer e melhor ainda para saborear... Ah, a arrogância de um jovem cozinheiro..

Achei o bife ancho no Reissman (uma boutique de carnes na 103 sul).. O tempero era tradicional argentino (chamado chimi churri, uma mistura de mostarda, ervas finas, vinho branco e mais alguns temperos)... Até aí foi fácil: temperei a carne e levei ao forno... As batatas também eram moles, no estilo chips: deixa no congelador uma meia hora e depois é só fritar... Mas, aí começou o problema: elas ficaram encharcadas de óleo.. Enquanto eu ia ficando deprimido com as batatinhas, a carne ia passando do ponto... Fui fazer o molho da carne e achei horrível... Meu amor me perguntou: "Não era para esquentar?".. "Na receita não falava nada", respondi, notando de imediato a ignorância desse aprendiz de feiticeiro...

No final das contas, deu para saborear um pouco da carne (que, graças a Deus, não chegou a esturricar), um monte do doce de leite argentino que ela trouxe e, melhor ainda, o filme escolhido: O Segredo de seus olhos, o vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro desse ano (outros detalhes da noite são irrelevantes aqui nesse blog família)...

Quem viu O Filho da Noiva (do mesmo diretor e com o mesmo Ricardo Darín no papel principal) sabe que Juan José Campanella sabe emocionar e divertir o público sem muita apelação... Sem perder essas qualidades, o argentino fez um filme que toca no ponto nevrálgico da sociedade argentina: a obsessão pelo passado.. Num país em que Gardel a cada dia canta melhor e em que o partido Peronista ainda é a primeira opção de poder, O segredo de seus olhos aborda essa relação doentia com o passado que aprisiona os personagens (e, de forma geral, o povo argentino)... Vale muito a pena assistir (e esperar pelas aventuras do próximo dia 20!)..

Um comentário:

Anônimo disse...

qual será o próximo país?
ps: roendo as unhas de ansiedade.
Quero vc :*